Pais, empresários e presentes: o desafio diário de conciliar negócios e paternidade
Por ocasião do Dia dos Pais, empresários compartilham os dilemas e aprendizados de quem precisa se dividir — e se entregar — em tempo integral à família e à empresa

Fábio é pai de Thomás, de 3 anos, e espera o segundo filho com a esposa. Felipe, por sua vez, é pai de Heitor, de 7, e também se prepara para a chegada do caçula. Para ambos, os filhos passaram a ser o verdadeiro centro da agenda — e não mais apenas um compromisso a ser encaixado.
“Ser pai exige tanta dedicação quanto uma empresa. E o tempo que antes era todo meu, hoje parte dele é pra ele — com muito amor e prazer”, afirma Fábio, que criou um ritual afetivo às sextas-feiras, sempre às 17h30: busca o filho na escola e o leva para andar de carrinho alugado numa galeria da cidade. “Já recusei shoppings, brinquedos novos… porque percebi que o que importa pra ele não é o que ou onde, e sim com quem.”
Felipe também encontrou nas agendas bem marcadas a chave para preservar momentos que considera inegociáveis. “Tenho horários fixos pra buscar o Heitor na escola e assistir aos jogos dele. Isso não muda por causa da empresa. É o tipo de momento que não volta — e eu não abro mão.”
Eles compartilham a mesma visão: o maior desafio não é a falta de tempo, mas a clareza de onde colocá-lo. “Tem dia que é empresa, tem dia que é família. E tá tudo bem, desde que você saiba qual é o jogo daquele momento”, diz Felipe.
Paternidade como escola de liderança
Com mais de 120 lojas, a Crosby segue em expansão. Para manter a qualidade da operação sem abrir mão da vida pessoal, os irmãos contam com o suporte da consultoria do Grupo Scopo, especializada em gestão estratégica de pessoas e processos. É essa estrutura que vem permitindo aos sócios se afastarem do “operacional”, ao mesmo tempo em que a empresa ganha autonomia, clareza e crescimento sustentável.
“A consultoria tem sido essencial pra enxergar a empresa como um organismo, e não como uma extensão de mim”, destaca Fábio. “Hoje eu consigo brincar, rir, estar com meus filhos de verdade — sem abrir mão do meu papel de gestor.”
Felipe complementa: “Antes eu tinha que apagar muito incêndio. Hoje, sobra tempo pra pensar no futuro e viver o presente. Isso traz mais clareza pra tudo.”
Segundo Steffano Antunes, CEO do Grupo Scopo, essa mudança de mentalidade é fundamental. E ele fala com propriedade: também é pai de um menino de pouco mais de um ano. “Ter foco não é abrir mão de algo, mas se dedicar com qualidade àquilo que se está fazendo. Se está com o filho, foca nele. Se está na empresa, foca no trabalho.”
Steffano, que frequentemente leva o filho para eventos e palestras, acredita que o exemplo é um dos pilares mais importantes da educação. “As crianças precisam se orgulhar não só do pai que têm dentro de casa, mas das conquistas que ele traz para si e para a família. Mostrar seu trabalho é uma forma de ensinar sobre dedicação e propósito.”
Propósito acima de tudo
Na visão de Steffano, muitos empresários cometem o erro de tentar “ser tudo ao mesmo tempo”, sem qualidade em nenhuma das funções. A dica dele é direta: “É preciso parar de querer ser multitarefa e passar a ser inteiro no que se faz. Isso exige organização de agenda, foco e também o entendimento de que o papel de pai é tão estratégico quanto o de gestor.”
Para Fábio, esse entendimento mudou até sua forma de liderar: “Passei a enxergar os jovens com mais paciência.
Felipe traz outro aprendizado da paternidade que levou para o mundo dos negócios: paciência. “Antes eu queria tudo pra ontem. Hoje entendo que cada pessoa tem seu tempo — igual criança. Liderar é repetir mil vezes, segurar na mão e comemorar cada passo.”
Neste Dia dos Pais, os irmãos têm convicção do exemplo que querem deixar para seus filhos: o de que é possível, sim, ser bem-sucedido e presente. Que construir um império não precisa ser sinônimo de abrir mão do essencial.
“Quero ser lembrado como um cara respeitado, bem-sucedido, saudável e presente”, resume Fábio. Felipe complementa: “Quero que eles vejam que é possível conquistar as coisas com trabalho duro, e que o que você constrói vai muito além do dinheiro.”
No final, como define Steffano, tudo se resume a uma palavra: responsabilidade. “A paternidade nos ensina a lidar com a vida de forma mais ampla. E nos ajuda a entender que, no fim das contas, sucesso mesmo é ser exemplo — dentro e fora de casa.”