Por Marina Amaral Diretora Executiva da Agência Pública
Vamos deixar uma coisa clara aqui: o presidente Lula não desafiou Donald Trump; apenas reagiu a uma agressão injustificável contra a democracia e a soberania brasileiras feita pelo presidente dos Estados Unidos, além das ações grotescas dirigidas a um ministro da nossa Suprema Corte, com o uso pervertido de uma lei criada para punir os que atentam contra os direitos humanos e a democracia mundial.
Em um mundo que assiste passivamente ao genocídio palestino, enquanto os Estados Unidos abastecem o regime de Benjamin Netanyahu com dólares, armas e sugestões de esvaziar o território palestino para construir um resort, reconheço que a voz de Lula pode até soar desafiadora. Sobretudo diante da submissão da Europa e de outros “aliados” dos Estados Unidos à humilhação infligida por Trump.
Mas Lula cumpre apenas sua obrigação, como chefe de Estado e um dos pilares da defesa do multilateralismo, ao exigir respeito por parte do presidente de outro país – no que tem, aliás, todo o apoio das instituições e da população brasileira. Como o presidente Lula disse na entrevista ao New York Times (que só pecou pelo título, na minha opinião), o fato de estar lidando com a maior potência econômica e militar do mundo, “não nos deixa com medo, nos deixa preocupados”.
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